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Adriano de Sousa Lopes foi um gravador e pintor modernista português. Nasce no lugar de Vidigal, freguesia de Pouzos, concelho de Leiria. Em 1898 inscreve-se na Academia de Belas Artes, onde será aluno de Veloso Salgado (pintura) e Luciano Freire (desenho). Parte para Paris em 1903 como pensionista do Legado Valmor na especialidade de Pintura de história; frequenta a École Nationale des Beaux-Arts e, depois, a Academia Julian. É aluno de Fernand Cormon. Expõe em diversas edições do Salon d’Automne (1904, 1905, 1906, 1908, 1909, 1912). Faz uma viagem a Itália em 1907, regressando de novo a Paris. Em 1917 realiza uma primeira exposição individual, na SNBA, Lisboa. Nesse mesmo ano parte para a Frente na Primeira Guerra Mundial como oficial artista, realizando uma série de trabalhos em que regista a ação do Corpo Expedicionário Português. Em 1918 instala-se perto de Versailles e faz esboços preparatórios de composições sobre a Grande Guerra; em 1923 expõe em Paris. Até 1927 viaja pela Europa e pelo Norte de África, passando temporadas em França e em Portugal; nesse ano expõe de novo na SNBA, Lisboa e assume a direção do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa (segundo M. Margarida Matias no texto incluído no catálogo da exposição na FCG, 1980, Sousa Lopes ocupou «de facto» o cargo de diretor em 1927; na biografia incluída no final dessa publicação é indicado 1929 como o ano em que tomou posse do lugar). Ao longo da década de 1930 recebe diversas encomendas oficiais, nomeadamente para o Museu Militar de Lisboa e para o Salão Nobre da Assembleia Nacional, projeto que ficará interrompido pela sua morte. Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o pintor dando o seu nome a uma rua próxima da Avenida Álvaro Pais, em Lisboa. Pintor formalmente algo eclético, oscilou entre as aproximações ao impressionismo e formas de representação mais académicas. Percorreu uma grande diversidade de temas, dos retratos, paisagens e naturezas mortas a episódios da história. A sua obra inicial do período parisiense revela uma "admiração empenhada pela pintura académica, que praticou como discípulo de Cormon", aproximando-se por vezes de um "simbolismo temático e pictural vindo de Ingres a Gustave Moreau"; a esta situação estilística pertencem pinturas como Ondinas (1908) e Caçador de águias (1905), pertencentes à coleção do Museu do Chiado, duas pinturas com um teor simbolista – literário e plástico –, raro em Portugal. Irá depois renovar a sua pintura através de uma aproximação ao impressionismo, que então se encontrava em fase acelerada de internacionalização, trabalhando em estudos de pequeno formato a partir do motivo, "impressões urbanas, elegantes e sensíveis tomadas nos jardins de Paris ou em Itália". A participação na 1ª Guerra Mundial como oficial encarregado de pintar os seus temas irá determinar a fase seguinte. Sousa Lopes realiza uma série genericamente intitulada Portugal na Grande Guerra, em que ilustra de forma expressiva uma multiplicidade de cenas como, por exemplo, 9 de Abril, O Capitão Beleza dos Santos atravessa uma densíssima barragem de artilharia e consegue salvar a sua bateria de 75. Segundo Raquel Henriques da Silva, trata-se de "um conjunto raro de águas fortes que, além de valor testemunhal, manifesta, nos melhores casos, a emergência de uma poética expressionista, justificada pelo confronto com tão dura realidade". Durante a década de 1920 realiza pinturas "em que a explosão do colorido tem um sentido novo na pintura portuguesa. São pescadores e outras marinhas expostas em 1927, tal como o retrato de «Madame Sousa Lopes» […], um dos melhores retratos da pintura nacional dos Anos 20". Na sua produção final, irá abandonar os derradeiros sinais de modernidade, regressando a temáticas históricas e a um idioma mais convencional ao assumir o seu derradeiro projeto, "o programa decorativo para a Assembleia Nacional". Ondinas, 1908, óleo sobre tela, 162 x 274 cm Velas na luz, c. 1930, óleo sobre madeira, 33 x 41 cm Descarga do barco, óleo sobre madeira, 22 x 35 cm 9 de Abril, o Capitão Beleza dos Santos atravessa uma densíssima baragem de artilharia e consegue salvar a sua bateria de 75, água forte, 40,5 x 63,5 cm Portugal na Grande Guerra, uma encruzilhada perigosa, c. 1918, água forte, 212 x 298 mm Portugal na Grande Guerra, uma sepultura portuguesa na terra de ninguém, c. 1918, água forte, 210 x 292 mm
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