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Nichola Pietri de Apulia, conhecido como Nicola Pisano (c. 1220 — c. 1278-1284), foi um escultor e arquiteto italiano. Vasari, o primeiro a escrever sua biografia, o descreveu como o mais famoso escultor e arquiteto de sua geração e lhe atribuiu uma grande quantidade de obras nos dois campos. Essa narrativa teve larga repercussão sobre a crítica posterior, mas Vasari hoje é tido como um autor de confiabilidade irregular e o legado de Pisano na arquitetura é muito incerto. Se ele desempenhou mesmo papel tão destacado em vida, ainda não foi possível provar, pois quase todas as obras que teria feito foram modificadas ou destruídas mais tarde. As atribuições que restam estão submersas em controvérsia. Por outro lado, suas inovações na escultura imprimiram uma influente marca nas gerações seguintes, difundindo-se por uma vasta região. Inserido em um contexto impregnado das tradições estilizantes e hieráticas da arte bizantina, da arte românica e da arte gótica, explorou o naturalismo e a expressividade emocional em uma eficiente concepção narrativa, desenvolvendo um estilo pessoal fortemente influenciado pelos clássicos, saudado como inovador desde seu surgimento, e por isso há muito tempo é considerado um dos principais precursores do Renascimento. Foi o primeiro a criar um nu clássico desde a Antiguidade, numa época em que a nudez artística era cercada de tabus. A controvérsia também cerca parte da sua produção esculpida, mas as poucas obras bem documentadas que sobreviveram, principalmente os púlpitos do Batistério de Pisa e da Catedral de Siena, bastaram para lhe assegurar o lugar destacado que ocupa na história da arte ocidental. Sua vida é muito pobremente documentada e o pouco que se sabe com segurança está rodeado de lenda e disputas. O primeiro registro seguro data de 1260, seguem-se uns poucos documentos referentes a obras, é citado pela última vez vivo em 1278 e em 1284 já aparece como falecido. Seu nome é registrado em um dos primeiros documentos que lhe dizem respeito como Nichola Pietri de Apulia, indicando que era filho de um Pietro e que nascera na Apúlia, no sul da Itália, mas como o artista alegava ser natural de Pisa, só recentemente os estudiosos em geral aceitaram que tenha nascido na Apúlia. Onde teria recebido seu treinamento artístico continua incerto. Se foi educado ainda no sul antes de se fixar na Toscana, provavelmente foi aprendiz de um dos muitos mestres empregados pelo imperador Frederico II em seu vasto programa de edificações e mecenato. Algumas poucas peças ligadas ao círculo imperial foram-lhe atribuídas, sem nenhuma certeza, mas elementos da arte local regularmente são apontados em sua produção madura, e isso foi um fator importante para a aceitação de uma origem sulina. Ele pode ter chegado a Pisa bastante jovem e ali sido preparado em seu ofício, ou pode ter ali terminado estudos iniciados em sua terra, mas não pode ter chegado depois de c. 1250, época em que já tinha um filho, Giovanni Pisano, nascido em Pisa. Alguns relevos na Catedral de Luca, na Catedral de Pisa e no Batistério anexo, datados do período de c. 1230-1250, são apontados por muitos historiadores como seus, mas não há um real consenso sobre essas atribuições. Sua primeira obra documentada é o púlpito do batistério, criado a partir de c. 1255 e inaugurado em 1260, que hoje é considerado um dos marcos inaugurais do Renascimento. Claramente trata-se de um produto de um mestre já maduro e consciente dos seus objetivos estéticos. Realizado em mármore e aproveitando colunas da Antiguidade, tem uma plataforma hexagonal, até então desconhecida na Toscana, com painéis com relevos em cinco faces do parapeito, separados por colunetas, representando episódios da vida de Jesus e um um Juízo Final. A plataforma é sustentada por seis colunas nos vértices e uma central, com uma escada de acesso. As colunas definem arcos redondos trilobados, em cujas enjuntas estão dispostas imagens de profetas e evangelistas, separados por alegorias das Virtudes Cardeais e uma figura de São João Batista. Originalmente os relevos eram parcialmente coloridos com tinta ou mosaico, mas só vestígios dessa policromia sobrevivem. A obra revela uma intrincada rede de influências, incorporando elementos da escultura grecorromana, dos mosaicos paleocristãos, da arte bizantina, da escultura românica toscana e lombarda, e da escultura e arquitetura gótica francesa. Louvado por M. Wundram como "obra cardeal no panorama da escultura europeia do século XIII", na descrição da Enciclopédia Britânica "o púlpito de Pisa assinala um dos momentos extraordinários da história da arte, quando um novo estilo, diferente de todos os seus predecessores, embora seu devedor, emerge e se afirma claramente, e abre novos caminhos para a expressão artística. Ele assimilou aquela vasta pletora de influências e as transformou em um estilo pessoal brilhantemente coeso, que transmitiu uma nova grandiosidade e energia para as narrativas e deu uma nova direção para a arte na Toscana da década de 1260 em diante".
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